terça-feira, 19 de agosto de 2014

Prova de fogo à nossa consciência!!!

7 horas.

Já nos encontrávamos na fila da bilheteira para comprarmos a nossa viagem de comboio de volta a Cuamba.

Nós e centenas de pessoas que aproveitando a pausa escolar procuram a oportunidade de viajar.

8 horas.

Inicia-se a venda de bilhetes e está o caos instalado. As pessoas atropelam-se na tentativa de passarem à frente de outros para chegar ao guiché e os ladrões aproveitando a confusão, espreitam os bolsos e tentam a sua sorte.

Não fosse já este um espectáculo digno de ser observado, eis que chegam os "agentes de corrupção" para apimentar o festival.

Polícias, seguranças e os próprios trabalhadores "cortam" a fila, compram uns quantos bilhetes e aproveitando o desespero do povo que aguarda há 4-5 horas o seu bilhete, revendem-nos por vezes com uma percentagem de lucro de 100%.

Também nós esperávamos a nossa vez. Enlatados na fila, questionávamos o que deveríamos fazer... 

Os mafiosos, vendo que somos "akhunhas" desafiam-nos a comprar os bilhetes de revenda.

Já cansados de estar de pé há 3 horas ainda encontramos forças para dizer "não". Mesmo que não consigamos mudar o Mundo, queremos desconstruir a imagem do branco que tem muito dinheiro e que tudo pode, queremos ser exemplo de respeito e sabemos que aqui a cor da nossa pele é "fluorescente" e tudo aquilo que fizermos representará a atitude de todos os que têm a pele igual à nossa.

"Assim vão sofrer muito e não vão conseguir comprar bilhete" - dizem-nos. "Não faz mal, sofreremos com o povo!"

As horas foram passando, as pessoas desanimadas e revoltadas associavam-se ao esquema de corrupção... a ninguém parecia pesar a consciência e da boca sorridente daqueles que terminavam o seu negócio ouvíamos "O dinheiro fala todas as línguas".

Aproximava-se as 12 horas, o guiché preparava-se para fechar, os bilhetes de 2ª classe (170 meticais) esgotaram-se e nós, sem viagem, lá cedemos à classe executiva (600 meticais). Estava em jogo viajar no dia seguinte ou esperar mais 3 dias pelo próximo comboio.

Vamos comprar então!

Tínhamos duas pessoas à frente. Fecha-se a porta do guiché. Lotação esgotada.

Voltámos a casa com um escaldão na cara, sem bilhete e sem nada ter feito contra a corrupção... 

Valerá a pena deixar a consciência falar mais alto? 

domingo, 17 de agosto de 2014

Encontros



Saímos de casa há duas semanas. Decidimos “parar”... Não no sentido literal da palavra mas sim parar como quem se afasta daquilo que está a fazer, como que para abrandar o ritmo, mesmo que isso signifique entrar no chapa, num comboio ou num machibombo e andar a uma velocidade superior àquela típica dos nossos dias por cá!

Fomos ao encontro... Ao encontro da nossa primeira Missão – Macomia, das Irmãs e dos jovens, ao encontro do nosso afilhado da Helpo e da sua família em Pemba, ao Metoro chegámos num encontro surpresa com a EA e já de regresso, ao parar em Nampula somos surpreendidos ao encontrar jovens de Maúa.

Agora é tempo de regressar...


O coração está quente de tanto que foi abraçado e nele guardamos todos os sorrisos de quem encontrámos!